Da Geral

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segunda-feira, setembro 04, 2006

Pena Por Quê?

Tem circulado na internet um texto intitulado ‘tenho pena de ti, meu rival’, de autor desconhecido, exaltando os feitos do inter e desmerecendo o Grêmio. É como se fosse uma carta do inter ao Grêmio.
Pois recebi por e-mail a resposta, de autoria de Silvio Pilau, que coloco abaixo.
Clique aqui para acessar a página do autor, que contém também a ‘carta’ do inter. É bem apropriada, mesmo com a vitória do inter na Libertadores, e todos os colorados deveriam lê-la.

Pena por quê?

"Já foste grande como hoje eu sou." Querido irmão, acredito que as tuas últimas palavras sejam a melhor forma de iniciar essa resposta, à qual, acredito, tenho direito. Já fui grande, sim. Admito. Na verdade, já fui o maior de todos. Porém, és isto hoje? Realmente acreditas que atualmente és do mesmo tamanho que já fui?

Falas em soberba, acrescentando ainda o adjetivo secular. Mas, fico preso em uma indagação: a soberba está de que lado agora? Todo esse orgulho inflado no peito dos vermelhos, o queixo erguido como não o faziam há mais de 25 anos, qual a razão disso? O que ganhaste, rival? Que título deste aos teus para que agissem dessa forma, como se fossem, como tu mesmo dizes, "grandes"?

Ah, é verdade. Agora me lembro. Foram campeões morais do Campeonato Brasileiro. Um título com o qual sonhavam desde o longínquo ano de 1979. Basta verificar qualquer dado histórico sobre o nosso torneio nacional. Está lá: "Campeão: Corinthians". Opa, algo errado aí. Nem sinal do teu título moral, rival.

Título moral. O que mais me dói é saber que meu rival satisfaz-se com isso. Que os seguidores que te consideram “uma força suprema erguida às margens do Guaíba” comemoraram esta “conquista” como se ela realmente existisse. Naquele dia, não consegui nem realizar nossas costumeiras provocações e flautas. Tive pena de ti e dos teus, pois vi como deve ser difícil ficar tanto tempo sem comemorar. Lamentei, cheio de pesar, a celebração daquele título ilusório.

Mas então penso melhor e vejo que a afirmação que abre essa meu texto não poderia estar mais longe da verdade. Tu não és grande nem nunca o foi. Estás em um bom momento, indiscutivelmente, mas isso faz de ti um grande? Lembra-te do São Caetano? Por uns três anos, chegou a quase todas as finais de campeonato. Isso fez dele um clube grande?

A conclusão a que chego analisando os fatos é a de que, ao contrário do que pensas, és pequeno. Muito pequeno. Que tudo não passa de uma ilusão de grandeza. És Davi, perto do Golias aqui. Pois se hoje pode me vencer (o que ainda não acontece, vide a batalha do dia 9 de abril em teu “templo”), querer comparar sua grandeza com a minha chega a ser algo risível.

Este inconformismo por sua parte é bom, sem dúvida. Se aceitasse sua posição de segundo do Rio Grande eternamente, jamais sairia daí. O que não pode é afirmar ser maior do que aquele a quem copia desde sempre.

Acredito que lembras, não? Exibimos nossa bela flâmula ao vento, no topo daquele mastro imponente, e vieste fazer igual. Sem a mesma beleza de nossas cores, claro. Temos os dizeres “Campeão do Mundo”, que dispensam justificativas, sobre nosso estádio. Pintaste em teu estádio o “Campeão do Mundo” também. Mas com o acréscimo embaraçoso do “Sub-15”. Apenas lamento essa sua atitude, pois rebaixaste-te ainda mais.

E, claro, a torcida. Meus seguidores que tanto criticaste por buscar inspiração no além-rio têm sido imitados também em tuas dependências. Que moral tens para falar sobre isso? Mas seguir meus passos é a solução para ti. Os pequenos sempre se espelharam nos grandes. E essa é a tua maldição, essa é a tua sina. Este é o teu castigo por não ter a luz e a hombridade para ser grande. Pelo menos não do meu tamanho.

Dizes que tua torcida sempre o ajudou, nos (longos e que, não te enganas, duram até hoje) anos sem conquistas. O que queres dizer com isso? Queres dizer que meus apóstolos não o fizeram? Pois onde estiveste ano passado? Quando eu não conseguia caminhar, eles me carregaram. Quando eu não conseguia falar, eles me deram voz. E eu recompensei-os com aquela conquista colossal em finais de novembro passado, que tornou-se notícia em todo o mundo e na qual exibi, não apenas para ti, mas para todos, a verdadeira natureza de quem é monumental.

Mas, tudo bem. Não venho justificar a ação de meus seguidores em tua casa, que, aliás, apenas é um templo na tua visão. Ser grande é saber ser humilde. É saber pedir desculpas. E peço desculpas pela atitude desta minoria da minha torcida.

Sim, minoria. Por isso, da mesma forma, repreendo-te por querer generalizar a ação de uns poucos como se fosse de praxe dos meus seguidores. Sabes, por me acompanhar há quase um século, que os atos vistos no domingo são delírios de uma ínfima parte de meus torcedores, se é que podem ser chamados assim. Peço desculpas pelo que fizeram, mas espero também suas desculpas por tentar macular a imagem inefável de minha fabulosa torcida ao jamais ressaltar o fato de que aquilo foi realizado, apenas, por poucas mentes perturbadas.

E se achas que me incomodo com teu momento atual, querido rival, estás enganado. Por que haveria de me incomodar se nada aconteceu? És, atualmente, aquele jogador que sabe brincar com a bola, mas não faz gol. E, mesmo que esse gol aconteça, não ficarei incomodado. Lembre-se sempre de que, segundo as palavras do general Yamamoto, moras ao lado de “um gigante adormecido”. Que pode acordar a qualquer momento.

Portanto, pena por quê? Não tenhas pena. Tenhas respeito. E, sempre, um pouco de medo."

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