Da Geral

Lembranças e depoimentos feitos por um apaixonado direto da Geral! Comentários sobre futebol e derivados.

sábado, novembro 28, 2009

Para Tcheco, com carinho.

E-mail de um ouvinte, lido no programa Bola nas Costas, da Rede Atlântida (RBS), dia 23/11/2009. Publicado no Grêmio Imortal, pelo Felipe Sandrin.


Foi-se um Gremista.

O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída.
Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesa azul.
- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito? - diz ela. O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:
- Quanto de dinheiro você tem? Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós.
Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:
- Isso dá?Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.
- Sabe, quero dar este presente para minha irmã mais velha. Ela cuida de mim e dos meu irmãos e não tem tempo para ela... É aniversário dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou-o com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
- Tome!!! - Disse para a garota.
- Leve-o com cuidado.
Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
- Este colar foi comprado aqui?
- Sim senhora.
- E quanto custou?
- Ah!! - Falou o dono da loja - o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.
A moça continuou:
- Mas minha irmã tinha somente algumas moedas! O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu a jovem.
- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar: ELA DEU TUDO O QUE TINHA.



Tcheco chegou ao Grêmio em uma época ainda conturbada, de indefinições quanto ao verdadeiro futuro do clube. Tímido, porém sempre sorridente, Tcheco mostrava-se a cada dia mais apaixonado pela capital gaúcha, suas belas mulheres e o povo cheio de particularidades que a ele eram confortantes o suficiente para saber que dali por diante o Grêmio seria sua casa.

Em um mural de imagens marcantes ficou faltando a dele, Tcheco, erguendo uma taça, uma foto que ganharia molduras dignas de estar ao lado das de grandes campeões. Ele e nós torcedores sabemos que diante das alegrias nossa maior mágoa é essa: não vermos um homem que tinha tudo para escrever sua história no clube, escrever um final feliz inesquecível.

Tcheco foi um filme de grande roteiro e recursos suficientes para tornar-se um épico, mas assim como grandes obras o futebol também é uma incógnita que razão alguma explica: ninguém sabe quando surgirá um herói, um vilão ou um simples coadjuvante.

Fecha-se um ciclo, parte um jogador sem meios termos, que ou ia mal, ou ia bem, ou decidia a favor ou contra, ou era amado ou era odiado: com Tcheco, nunca houve meios termos, e mesmo quem estivera longe de ser a solução, nunca foi nosso principal problema.

Discute-se muito sobre a saída de nosso capitão, se o Grêmio ganha ou perde sem ele, mas no fim, neste jogo de perdas e ganhos, quem realmente ganhou foi Tcheco, que por quatro anos vivenciou uma das mais puras paixões por um time de futebol.

O ciclo termina, e o sujeito dos discursos ponderados, palavras estudadas, das comemorações mais sinceras e emocionadas parte deixando a certeza de que o pouco que ele nos deu para ele foi muito, pois era tudo o que ele tinha.

Chegou como mais um, mas tenho certeza de que partirá gremista. Dentre seus orgulhos, fotos de uma época que não voltará, e mesmo que muitos de nós torcedores digamos “ainda bem”, ele, Tcheco, com os olhos cheios de lágrimas, murmurará com paixão e saudades a palavra 'infelizmente'.

Não sei de quem é o texto acima, mas é uma linda e justa homenagem para alguém que deu tanto ao Grêmio. Não deu títulos importantes? Todo bem, pois Tcheco nos deu muito mais que títulos: nos deu a oportunidade de podermos olhar pra trás e dizer que tudo aquilo valeu a pena.
Valeu a pena ter lotado o estádio contra o Boca e esperar a vitória que não viria, pois vimos um time lutador, guerreiro, mas acima de tudo leal. Já tinha valido a pena antes, contra o Caxias, o Defensor, Santos e São Paulo. Vitórias épicas que são, como diz a canção “vários momentos inesquecíveis que vêm à mente.”

Valeu ter tido esperança de ser campeão ano passado, mesmo perdendo o título de forma tão estranha, tão boba. Claro que queríamos ter sido campeão, mas ficou a convicção de que nosso time é de chegada, é copeiro, é guerreiro. E se a vitória não veio, é questão de tempo, pois ela certamente virá. Para o Grêmio e para o Tcheco.

Valeu, Tcheco. Estaremos sempre contigo.

terça-feira, novembro 17, 2009

Olha o Mijo

Nunca tive turma. Quero dizer que nunca fui um cara ‘enturmado’, e isso se via inclusive quando eu ia ao Monumental. Em qualquer lugar que eu ficasse no estádio, sempre tinha dificuldades em me adaptar.
Éramos sempre os mesmos: tio Hermes, o Mano e eu. Às vezes ia algum amigo do tio junto, mas geralmente era só nós mesmos. Ficávamos bem no meio da social, na reta da linha do campo. Geralmente acontecia a mesma coisa. Jogo calmo, torcida sentada. De repente o Cuca arrancava da meia-cancha, lançava o Paulo Egídio, que entrava na área a dribles. Nesse instante eu levantava, empolgado com o gol que estava nascendo. Meio segundo depois (ou até menos), alguém atrás de mim bradava “senta...”, e outro acompanhava “olha o mijo...”. Saco, e eu lá conseguia ver um lance de gol sentado. Ali, definitivamente, não era o meu lugar.
Na arquibancada não era muito diferente. A torcida até levantava pra ver algum lance, mas sentava rapidinho.
Quanta confusão eu já arranjei xingando aquele bando de bundões que passavam o jogo sentados e o intervalo inteiro em pé, parados. Era só o juiz trilar o apito para o término do 1º tempo que a massa já se levantava, e eu começava a gritar “senta, fiadaputa, olha o mijo”. O povo ficava o intervalo todo de pé. E quando começava o 2º tempo todo mundo sentava novamente, e eu levantava para poder assistir o jogo. Logo se ouvia um grito: “Senta, guri, olha o mijo”.

Feliz mesmo eu fiquei quando, aos pocos, começou a aparecer uns loucos (não mais de 15) que ficavam o jogo inteiro cantando, DE PÉ, na maior festa, independente do resultado do jogo.

Já não era mais criança, e já podia escolher de onde eu iria assistir ao jogo. Sem sombra de dúvidas que seria de trás do gol, junto com aqueles que 'rompem las gargantas por los goles'. Alí, com o verdadeiro 'bando de loucos' ninguém te pede pra ficar parado.
Ah, quer assistir ao jogo sentado, vai prás cadeiras, ou então fica em casa, no conforto do sofá tendo o Galvão como companhia.

Estádio é para torcida, e torcida tem que torcer. Ponto final.

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sexta-feira, novembro 06, 2009

Recado da Arquibancada

De lá do Minwer.