Da Geral

Lembranças e depoimentos feitos por um apaixonado direto da Geral! Comentários sobre futebol e derivados.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Martin Palermo

Fazer uma homenagem ao Palermo.





El Loco Palermo. O cara não é craque, não sabe armar um time, não dribla bem, mas faz gol de tudo quanto é jeito. Entrou pra história do futebol por perder três penaltis em uma partida, mas já fez muito pela bola.O maior goleador da História do Boca (que é o maior clube da américa).Já fez gol de bicicleta, de voleio, de fora da área, de mão, de pescoço, um monte de cabeça, dependurado na trave, do meio do campo...Semana passada fez um gol de cabeça quase do meio campo.O cara é foda, centroavante de verdade, que não existe mais por aí.

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Grêmio x Flamengo

terça-feira, janeiro 11, 2011

Ronaldinho x Amy

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Vida que segue...

quarta-feira, dezembro 15, 2010

O Pacto

Post profético (com final adaptado), do Marcio Neves.

A data é 26 de novembro de 2005.

O local é o vestiário abafado e impregnado com cheiro forte de tinta do estádio dos Aflitos, em Recife.
Tranquilamente a temperatura beira os 50 graus. Um verdadeiro inferno. Nosso personagem está sentado em um canto, sobre um banco vermelho de madeira. Está empapado em suor. Mãos na cabeça. Olhos fixos no chão. Coração acelerado. Busca lá no fundo do peito um pouco de oxigênio. Luta para não deixar o desespero tomar conta. Não era pra menos. Minutos antes, o juiz havia marcado o segundo pênalti contra o Grêmio e expulsado três jogadores. O Náutico estava prestes a fazer o gol da vitória. Todo o trabalho de um ano estava caindo pelo ralo. Era apenas isso que passava pela cabeça. Tanto trabalho, tanta luta, tanta dedicação. Tudo indo por água abaixo. Não era justo. Pensava na família, nos amigos, na torcida gremista que estava em Porto Alegre e que sonhava com a volta à elite do futebol brasileiro. Ele havia assumido o risco e estava falhando. Com as lágrimas misturadas ao suor que escorria pelo rosto, ele pediu ajuda.
Faria qualquer coisa para que aquilo tudo terminasse diferente. Ainda com a cabeça baixa, sentiu a presença de alguém ao seu lado. Lentamente, voltou-se para sua esquerda se deparando com aquela figura bizarra.
Assustado, perguntou:
- Quem é você?
- Não imposta quem eu sou. O que importa é que estou aqui para te ajudar. Vim propor um pacto.
- Pacto? Que pacto?
- Você sabe que eu tenho poder de fazer o seu goleiro pegar esse pênalti. Muito mais que isso. Tenho poder de fazer seu time chegar à vitória.
- Você está louco! Isso é impossível! Estamos com sete jogadores em campo, não percebeu?
- Aceite a minha oferta e você verá.
- Lógico que aceito. Não tenho outra opção. Qual é o pacto?
- O Grêmio não perderá esse jogo. Seu goleiro defenderá o pênalti e vocês vão fazer 1 a 0 mesmo com sete jogadores. Serão os campeões e retornarão à elite do futebol brasileiro. Além disso, em menos de dois anos, estarão de volta em uma final de Copa Libertadores. Não vão vencer, mas estarão lá.

Incrédulo, nosso personagem escuta a proposta.
- Eu aceito. Eu aceito. O que tenho que fazer? Se tiver que vender a minha alma, eu vendo.
- Você não tem que fazer nada. O que vai acontecer é que, num período de cinco anos, seu maior adversário irá igualar suas conquistas.
- Como assim?
- É isso que você ouviu: em cinco anos, seu maior adversário vai ganhar tudo que vocês ganharam até hoje. Inclusive aquele título.

Atordoado e sem condições de raciocinar, nosso personagem ainda teve tempo de perguntar:
- E depois destes cinco anos tudo volta ao normal?
- Sim. Depois destes cinco anos, tudo estará em suas mãos outra vez. É pegar ou largar. Topa?

O pacto chegou ao fim em novembro de 2010.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Abu Dhabi?

sexta-feira, novembro 26, 2010

A Batalha dos Aflitos

Hoje faz cinco anos do jogo Grêmio x Náutico, que ficou conhecido como A Batalha dos Aflitos, virou filme (dois documentários), livro (71 segundos), entrou para o Guiness Book e perpetuou, de uma vez por todas, a imortalidade do Grêmio, cantada em proza e verso por Lupicínio Rodrigues. Nunca um estádio teve nome tão apropriado, e nunca esse estádio fez tão jus ao nome: Aflitos. Lembro-me que estava na casa da Patrícia (atual senhora Bernardes) assistindo a partida com ela. Jogo vai, jogo vem, nervosismo tomando conta do ambiente, e lá pelo meio do segundo tempo acontece o tal pênalti (o segundo). Já não aguentava mais os colorados gritando feito loucos que o Grêmio continuaria na segundona, mas na hora do pênalti foi pior. O foguetório tomou conta do bairro e a comemoração foi mais barulhenta e enfurecida que na vitória do inter na Libertadores. Meu primeiro gesto foi me aproximar da TV e quase joguei-a no chão. O segundo foi ir à janela espantar os colorados que estavam urubuzando em volta, malditos secadores. Será que não tinham mais nada pra fazer, em vez de ficar agourando o meu Grêmio?Poxa, além do pênalti contra, a cada minuto que passava tinha mais um expulso do Grêmio, e eu berrando (como se alguém de lá fosse ouvir) que não podia deixar bater o penalti, que era pra retirar o time de campo pois estávamos sendo roubados, que deveríamos partir pra porrada, que o Grêmio deveria abandonar o campeonato brasileiro de vez e se mudar pro Uruguai, pois lá é melhor, que isso... que aquilo...., e mais um monte de besteiras que me vinham a mente naquele momento sofrido. No auge da angústia, a Patrícia me solta essa:
- Tem que bater o penalti de uma vez, e depois ir para cima deles.
Era só o que faltava, mulher fora da cozinha e dando pitaco. Ainda mais dizendo que "era só" fazer o que ela disse, omo se fosse pouca coisa. Logo se vê que mulher não entende nada de futebol. O Grêmio estava empatando o jogo (0x0) e na confusão teve quatro jogadores expulsos. Além da inferioridade numérica, tinha a tal penalidade a ser batida contra o Grêmio, e o Náutico já tinha perdido uma na partida, não iria perder a segunda. Caso o Grêmio não ganhasse o jogo, ficaria mais um ano na segundona, sendo que Náutico e Santa Cruz se classificariam pra primeira divisão.
- Bate logo esse penalti, bradava a Paty.
- Cala a boca, mulher. Se o Náutico converter o penalti, o Grêmio perde.
- Mas ainda dá pra virar...
Dá pra virar? Ela só pode estar louca, pensei eu, no ponto mais alto de minha irritação. Se com onze jogadores o Grêmio não fez gol no Náutico, imagina com sete em campo, e o placar adverso. Dá pra virar uma goleada histórica, isso sim.
-Como é mesmo o nome do goleiro?
Por que ela não se cala? O que ela entende de futebol? Não sabe nem o nome do goleiro.
- Galatto, respondi, meio ríspido.
- Vai Galatto, vai Galatto. O Grêmio vai sair campeão... o Grêmio vais sair campeão...
Já não suportava mais o otimismo cego (quase idiota) dela. Otimismo de quem ainda não se deu conta da tragédia iminente. Otimismo irreal. Ela torcendo para que o Grêmio ganhasse o jogo, eu querendo que saísse de campo, fosse pro tapetão, anulassem a partida, sei lá.
Bem, passados 25 minutos, ânimos menos agitados em campo, o jogador do Náutico se dirige pra marca do cal (toda esburacada).
- Vai Galatto, pega essa. O Grêmio vai sair campeão...
A TV mostra imagens do time do Santa Cruz, que no Mundão do Arruda dava volta olímpica com a taça de campeão.
- O Grêmio vai sair campeão...
- O Grêmio não vai sair campeão, pois o Santa Cruz já é campeão, não está vendo?
- Azar é deles que estão cantando vitória antes do tempo. Se o Grêmio ganhar será campeão, e aquela taça será nossa. O Grêmio vai sair campeão...
Ela tinha razão. Mesmo sendo improvável (na verdade impossível), o Santa estava cantando vitória antes do tempo. Ver os pernambucanos dando volta olímpica antes do término do jogo do Grêmio me deu mais raiva ainda. Malditos pernambucanos, que desconhecem a imortalidade tricolor; maldita TV que só me dava notícias ruins. Maldita segundona. Cada vez mais eu odiava tudo aquilo. A cada foguete que escutava, a cada grito colorado, tinha vontade de me jogar do quarto andar e esganar os vermes vermelhos, que lá de baixo festejavam a humilhação que o meu Grêmio passava. Malditos secadores.
Bem, o resto da história todo mundo conhece: Galatto pega o penalti, Anderson faz o gol, o Grêmio vence com quatro a menos e 'sai' campeão. O Pedro Ernesto quase morre gritando 'inacreditáááááááááável'. Vende-se DVD's e espalha-se ao mundo que o Grêmio é mesmo imortal. Aliás, que o Grêmio era imortal todos já sabíamos. Ou alguém duvidava que o Galatto poderia pegar aquele penalti, e que o Grêmio venceria, mesmo com meio time a menos? Claro que não.
Falando sério, muito se diz que a vida imita a arte, e que a arte retrata a vida. Mas caso alguém tivesse escrito o roteiro da Batalha dos Aflitos, ele seria um fracasso total. Seria considerado como irreal, ficção de mais para um esporte tão ortodoxo quanto o futebol. Uma história dessas só é boa por que aconteceu de verdade. Só quem não entende nada de futebol poderia imaginar que o Grêmio sairia vivo após aquele penalti. Só a Patrícia.

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quinta-feira, novembro 04, 2010

Iura, o passarinho

Os dois textoa abaiso são uma breve homenagem ao "maior gremista que já existiu"

Júlio Titow de nascimento. Iura de alcunha. Sobrenome: Grêmio. Portoalegrense como nós. Parabéns, Iura, por mais esta data.

Texto retirado do site Finalsports, por Roberto Mosmann


Iura, o passarinho.

Gosto de escrever minhas memórias sobre os "Deuses da Raça Gremista" (talvez, o maior deles tenha sido Júlio Titov, O Iura!) e também sobre as histórias que vi ou ouvi de gente próxima, do nosso Grêmio. Tenho feito isso nos textos dos "findis". São depoimentos pessoais. Ah! Aos (poucos e anônimos) colorados que gostam de compartilhar meus textos para "tentar me detonar", só uma correção: não sou um escritor gremista. Sou um gremista que escreve. É diferente. Não há pretensão literária em meus textos. Só emocionais. No resto, tudo bem...
Iura foi um caso raro de jogador que saiu direto da várzea para os profissionais de um grande clube. Até os 19 anos, jogava no Itapeva, da Vila Floresta/POA. Em 1972, vi a estréia de Iura no Grêmio. Foi pelo Campeonato Nacional, contra o Palmeiras, no Olímpico. Não um Palmeiras qualquer, mas A ACADEMIA DO PALMEIRAS: de Ademir da Guia, Leivinha, César, Luis Pereira, Leão & Cia. Iura entrou no segundo tempo, fez o gol da vitória e não saiu mais do time.
Iura era um jogador moderno até para os dias de hoje. Alto, magro (franzino até, o apelido era "Passarinho"), tinha um pulmão e uma vitalidade impressionantes. Era meia-atacante, mas defendia, armava e atacava com igual intensidade. Ah! E fazia gols. Muitos gols. Valeria uma fortuna para a Europa hoje.
E o bom é que Iura era gremistão, chorava pelo Grêmio. Sua característica com a bola era seguir em linha reta em direção ao gol (tipo Kaká). Não tinha essa de ficar dando passezinho para o lado. Só que um jogador vertical assim tende a errar mais. Como eram épocas em que o Inter tinha um timaço e ganhava tudo, a torcida gremista começou a pegar o pé de Iura. E até a vaiá-lo. E ele, claro, sofria com isso.
Até que, num Gre-Nal de 1975, aconteceu um lance que mudaria a trajetória de Iura no Grêmio. Passou de maldito a ídolo e símbolo da raça gremista. O volante do Inter era um cara extremamente forte: Caçapava. Junto com Falcão e Carpegiani, mandava no meio-campo. Seria um meio-campo pra qualquer time do mundo. Pois bem, o tal Caçapava já NASCEU lendário como o marcador mais duro do futebol brasileiro. Muita gente boa tirou o pé pra não dividir com Caçapava. Era risco de vida! Justiça seja feita: era um baita volante! Sabia jogar futebol também. Mas veio o tal Gre-Nal. O jogo estava duro, como costumam ser todos os Gre-Nais. E de repente, uma bola fica solta no meio-campo. Dois jogadores partem em direção a ela. Iura pelo Grêmio e Caçapava pelo Inter. Nenhum dos dois era de "arregar", mas a diferença física era brutal. E dividiram. A prensada que deram na bola parecia uma colisão de automóvel. Quando todos levantaram os olhos para ver o que tinha sobrado do Passarinho e, bah, surpresa: Iúra corria em pé, solto, rápido, levando o Grêmio para o ataque. No campo, inerte, jazia o gladiador Caçapava. A consagração foi quando entrou a maca para retirá-lo, com contratura muscular. Daquele dia em diante, Iura nunca mais foi vaiado. Pelo contrário: foi muito, muito aplaudido.
Um dia, ouvi Iura explicar o lance e dizer: "Caçapava era muito mais forte do que eu. Mas ele não sentia pelo Inter a mesma vontade de vencer que eu tinha pelo Grêmio. No lance, venceu a minha vontade!". Vontade de vencer pelo Grêmio! Jogadores com este espírito é que o Grêmio precisa!
Muitos preferem lembrar outro Gre-Nal em que Falcão deu um chapéu no Iura e (claro!) foi "levantado" por este. Com a "catega" dos grandes craques, Falcão levantou-se rapidamente e já o fez estendendo o braço e mostrando a bola para Iura. Iura, que se afastava, voltou e, com a "catega" dos Deuses da Raça Gremista, disse: "enfia essa bola no..., Falcão."
Em 1977, Iura marcou o que até hoje é conhecido como o gol mais rápido da história dos Gre-Nais: O GOL DOS 14 SEGUNDOS. Pois é um golaço. Quatorze segundos foi o tempo que Iura, Tadeu Ricci, Eder e André Catimba levaram para tocar a bola com força e rapidez. Desviando-se das porradas coloradas. E Iura, na cara de Manga, encobriu-o aos 14 segundos do primeiro tempo. Um gol de Iura. Um gol com cara de Grêmio! Assisti a este gol atrás da outra goleira e juro que fiquei uns 3 minutos esperando pra ver o replay. Golaço-aço! A gente nem acreditava que tinha acontecido e visto.
Ao final de 1979, com sérios problemas no joelho, Iura saiu do Grêmio e foi para o Criciúma. Em meados de 1980, o Inter o contratou. No dia da coletiva para apresentá-lo, a imprensa e a torcida colorada deram a camiseta do Inter para ele vestir. Ele olhou pensativo, chamou o presidente colorado José Asmuz, pediu desculpas e disse: "Olhe, presidente, me desculpe, mas não vai dar! Não posso trair meu passado". E abandonou o futebol, sem vestir a camisa vermelha!
Hoje, Iura é conselheiro do Grêmio. Não é mais o Passarinho (está enorme). Mas é um Deus da Raça Gremista! Eterno! Este texto é, humildemente, dedicado a ti, Grande Iura! Tua dedicação ao nosso Grêmio me ajudou a suportar melhor os anos de "vacas magras".


Texto de David 'sci' Coimbra Carradine, retirado daqui.

O Velho Ídolo

Um dia, o meu amigo Jorge Barnabé entrou nas arquibancadas de pedra do Olímpico levando o filho pela mão e, antes mesmo de se instalar, viu quem havia tempo queria ver. Deu um puxão no braço do menino:
- Filho, aquele lá é o Iúra! O Passarinho!
Importante para o Jorge mostrar ao filho quem era Iúra. Ele sempre falava do Iúra, o maior ídolo da sua adolescência, tempo em que se formam os ídolos. Por isso pediu:
- Vai lá falar com ele, filho. Pede um autógrafo.
O menino olhou para o senhor gordo sentado a uns 10 metros de distância e vacilou. O Jorge insistiu:
- Vai! É o Iúra. O Passarinho!
Era até curiosa tanta admiração. Porque Iúra nunca foi um esteta da bola. Bom jogador, mas longe ser um Rivellino, um Zico. Compensava a falta de virtuosismo com empenho. Corria o tempo inteiro, o campo inteiro. Perdia 3 quilos por jogo. Favorecia-o a compleição física. Tratava-se de um magro clássico: alto, pernas longas, ombros estreitos. Donde o apelido de Passarinho.
- É o maior gremista que já existiu! - disse o Jorge, já empurrando suavemente as costas do menino, que ainda hesitava.
De fato, o que fazia o Iúra entrar nas chuteiras a cada domingo era o amor pelo clube, manifestado, sobretudo, nos Gre-Nais. Era um tempo de Gre-Nais colorados. O Inter havia construído o maior time da sua história, com Falcão, Figueroa e outros torturadores de goleiros inimigos. Iúra lutava contra eles como se estivesse defendendo a pátria da invasão da Wehrmacht.
Em um Gre-Nal de meio de turno, Falcão enfiou-lhe a bola entre as pernas. Iúra não deixou que completasse a janelinha: aplicou uma voadora no volante do Inter. Falcão caiu, levantou e, irônico, colheu a bola do chão e a ofereceu a Iúra. A torcida do Inter uivou de prazer. Vinte minutos depois, Iúra driblou Falcão, que o derrubou. Foi um drible simples, não uma “caneta”. A falta também foi simples, nada parecida com uma voadora. Mas Iúra não perdeu a chance de devolver o sarcasmo: juntou a bola da grama e a estendeu a um Falcão arquejante. Foi a vez de a torcida do Grêmio bramir na arquibancada.
Era assim em todos os Gre-Nais, até que finalmente o Grêmio superou aquele grande Inter, em 1977. Neste ano de redenção, Iúra ingressou na posteridade: marcou o gol mais rápido da história centenária dos Gre-Nais, aos 14 segundos de jogo.
Nos anos 80, Iúra encaminhou o encerramento da carreira. Transferiu-se para o Criciúma, 400 Km ao norte do Olímpico. Foi lá que os dirigentes colorados o procuraram. Ofereceram-lhe uma pequena fortuna para jogar no Inter. Ele aceitou, não havia como não aceitar. Foi ao Beira-Rio. Fez exames médicos. Assinou contrato. Deram-lhe a camisa vermelha para apresentar-se à imprensa. Iúra respirou fundo. Tomou a camisa. Preparou-se para enfiá-la pela cabeça. E parou. O coração bateu fora de compasso. A garganta se lhe fechou. Iúra balbuciou:
- Não consigo botar esta camisa!
E afastou-a de si, e foi-se do Beira-Rio. Pouco tempo depois, abandonou o futebol. Tornou-se conselheiro do Grêmio e vive a dizer que seu sonho é ser presidente do clube.
O Jorge repetiu essa história dezenas de vezes para o filho, e agora ele estava lá: Iúra, o Passarinho. O menino olhou para aquele senhor obeso, sentado atrás do bigode, respirando com a dificuldade dos homens grandes demais. Mal cabia na cadeira, tão redondo estava.
- O Passarinho! - insistia o Jorge, e o menino obedeceu. Avançou em direção ao velho herói da infância do pai. A meio caminho, parou. Olhou por sobre o ombro. O Jorge sorria, incentivando-o com a cabeça: “Vai!”.
Ele foi. A metro e meio de Iúra, estacou, os braços ao longo do corpo. Iúra girou a cabeça, fazendo balançar a papada do pescoço. Sorriu para o menino. E o menino para ele:
- O senhor é que era o Iúra?
Não, o tempo não para nem para os titãs.

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segunda-feira, setembro 20, 2010

Já Joguei no Grêmio

O que os goleadores Washington, Bruno César, Grafitte e Loco Abreu têm em comum, além da facilidade de fezarem gols?
Qual o elo que liga Ronaldinho Gaúcho à Dener, além da genialidade com a bola?
E Manoel Tobias e Ortiz, craques do Futsal... o que eles têm a ver com Caio Ribeiro, o 'fofo" da Globo?
E qual a ligação de todos os nomes acima citados com o jogador Bolivar, capitão do S.C.I.?

Resposta: o Grêmio.

Sim, o Grêmio é a ligação, o elo entre os jogadores mencionados.
Fotos retiradas do ótimo blog Já Joguei no Grêmio.
Vejamos:

O "Coração Valente" veio pro Grêmio lá no final da década de noventa e o Lazzaroni deixou-o na reserva da reserva do Guilherme. Nem banco pegava. Passagem rápida - rapidíssima - pelo tricolor, após ter "rodado" no vestiular do S.C.I. Depois esturou na Ponte Preta.

O ex-craque da seleção brasileira de futsal, Ortiz tentou a carreira no futebol de campo, mas não deu muito certo.

Michel Bastos: o lateral da seleção do Dunga atuava na meia cancha do Grêmio, sendo um dos artilheiros tricolores em 2004.

Manoel Tobias: outro grande talento do futsal que arriscou nos gramados. Chegou a ser campeão gaúcho (inclusive fazendo gol).

Luizão: indicação do Felipão, veio pro Grêmio se recuperar de lesão, para poder jogar a Copa de 2002. No Grêmio só se destacou no DM.


Sebastián "Loco" Abreu era xodó da trocida tricolor pelo sei jeito irreverente e garra platina. Usava a gola da camisa sempre levantada e as meias arriadas. Generoso com os colegas, volta e meia era expulso para dar chance aos reservas. Atuou ao lado de Ronaldinho Gaúcho e Palinha. Jogador de técnica duvidosa, sofria com a crítca esportiva. Se lesionou ao cobrar um pênalte. O Pauo Sant'Ana dizia que ele tinha sido achado pelo empresário varrendo a rodoviária de Montevidéu. O Cláudio Cabral queria proibir o Abreu de passar perto de um estádio de futebol. De qualquer forma, devido à sua garra e empenho, deixou saudades.

O "Príncipe" Leandro Amaral também não fez muito sucesso no Grêmio, devido às lesões.


Tá bem, o burocrático Josué nunca jogou profissionalmente, apenas nas categorias de base do tricolor.


Grafitte foi uma decepção só. Uma temporada inteira e nenhum gol. Antes tinha sido goleador pelo Guarani. Depois fez sucesso no São Paulo. No Grêmio, nada. Ficou meio ano parado, devido a uma lesão.


Felipe Mello, o vilão brasileiro da última copa, até que jogou bem no Grêmio, mas fez parte da campanha que rebaixou o tricolor à segundona. De pegada forte, a torcida se identificava com ele, mas a imprensa dizia que ele não sabia sair jogando, e que batia muito.



Revelado pela Portuguesa, Dener era um grande craque, com seus dribles deconcertantes e sua arrancada fatal em direção ao gol. Jogou no Grêmio em 93, trazido pelo Fábio Koff. Morreu no ano seguinte, em um acidente de carro. O único título profissional de Dener foi no gauchão daquele ano.

Caio Ribeiro, xodó da Globo e ursinho carinhoso do Tiago Leifert. Atuou no Grêmio em 2003. Sempre sorrindo, como se vê na foto acima.


Bruno César, revelado pelo Santo André e hoje destaque do Corinthias. Foi júnior do Grêmio.


Branco não precisa de apresentações. Jogou no Grêmio em 1993. No ano seguinte fez parte da campanha do tetra brasileiro.


Bem, o cara aí de cima, com 'ares' de Cidade de Deus é o jogador Bolivar. Depois do Grêmio, Bolivar foi pro Palmeiras, chegando a jogar na seleção. Ponta direita, depois recuado para a lateral. Há poucoa anos, Bolivar tentou levar sei filho para o Olímpico, mas o Grêmio não quiz aproveitar o garoto. O filho dele, hoje, é capitão colorado.


Atacante da seleção chileha, Beausejour também passou pelo Grêmio.




Amaral, "O Coveiro". Assustou muita gente no Olímpico.


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domingo, setembro 12, 2010

Jonas Brothers


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segunda-feira, setembro 06, 2010

Cheerleaders do Grêmio

Neste post misturo dois assuntos que são preferência nacional: futebol e mulher.
Bem que o Grêmio poderia ter umas líderes de torcida (ou animadoras de torcida, como queiram), as famosas Cheerleaders. Onze garotas muito bem escolhidas que representariam a beleza da mulher gaúcha, povoariam a imaginação dos torcedores no estádio, encantariam quem assistisse ao jogo pela TV e, de lambuja, poderia fazer com que o Douglas corresse um pouco.
Onze mulheres, como se fossem onze jogadores. Uma vestida de goleiro, uma com a braçadeira de capitã, essas coisas.
Abaixo estão alguns exemplares. Quer mais vá no Bolicho do Grêmio.



E caso chovesse, como ficariam as pobres moças?

sexta-feira, setembro 03, 2010

Futebol parcial

Retirado do Kibeloco.
Clique na imagem para aumentá-la.


sábado, agosto 28, 2010

Club Brugge

Tá lá no Bola Dividida, de 28/08/2010.

"Parece que os mesmos designers da Puma que criaram a camisa do Grêmio estagiaram na Bélgica nesta temporada. As coincidências entre os desenhos dos uniformes do time gaúcho e do Club Brugge, uma dos mais tradicionais do país, fundado em 1891, são surpreendentes. Entre seus fãs, o Brugge é conhecido como os “azuis-negros”. Mas a atual camisa dos belgas é uma grande novidade." Luiz Zini Pires

A torcida também, bem que se parece a Geral, em dia festivo, como mostra a foto abaixo.

Até as camisas brancas são parecida. Os designers da puma poderiam ter tido um pouco mais de respeito com o Grêmio e com os belgas. Mas futebol, hoje em dia, é isso aí. Marketing e dinheiro. Amor (e respeito) à camisa não existe mais.
A foto de cima é a do clube belga, a de baixo do glorioso tricolor.

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quarta-feira, agosto 25, 2010

Somos Tri

Há muito tempo que quero escrever sobre isso, mas foi a curiosidade do FERREAVOX que me fez sair da zona de conforto (diga-se poltrona) e vir escrever essas linhas.

A rivalidade Grenal já produziu muita festa bonita e muita briga de faca. Já se fez várias cornetas inteligentes e demasiadas piadas grosseiras. Já ri com o Kenny Braga dizendo que o Inter perderia pro Barcelona e chorei abraçado com o Sant'ana que afirmava que o Ronaldinho entregaria aquele jogo.
A rivalidade Grenal já dividiu famílias, empresas, bairros e cidades. Ainda dividirá a província. Já houve colorado secando a seleção do Felipão e gremista secando a do Dunga (sabemos quem venceu, hehe). Mas tem algo que vem da rivalidade Grenal, e que muita gente não se dá conta. Reza a lenda que a gíria TRI, tão cara as gaúchos, vem dessa rivalidade, lá dos anos 70.
Na época, o Grêmio teve seu melhor jogador convocado para a seleção brasileira, que venceu a copa do México. A seleção contava ainda com Jairzinho, Carlos Alberto Torres, Gersón, Tostão, Rivelino e Pelé, entre outros. Nunca um jogador em atividade no Rio Grande tinha sido campeão do mundo. Assim, Everaldo foi reverenciado por essas bandas, desfilando em carro de bombeiro e ganhando uma estrela só pra ele na bandeira do Imortal.

Era tanta festa no sul, que parecia que o Grêmio tinha sido campeão. Assim, os gremistas se consideravam campeões do mundo, ou melhor, Tri-Campeões.
Na velha rivalidade, quando um colorado se gabava de seu time, o gremista já gritava: eu sou TRI, em alusão ao título conquistado por Everaldo.
Bem, isso aconteceu em 1970, e durou até 1979, quando o Inter conquistou o tricampeonato nacional, sendo o último de forma invicta, quando os colorados também passaram a se considerarem TRI, pois eram tricampeões brasileiros.

Da rivalidade Grenal (e das conquistas do Everaldo e do Inter) nasceu a expressão "TRI", usada pelos gaúchos para superdimensionar algo ou alguma característica. Não basta ser legal, tem que ser tri-legal. Não basta ser gremista, tem que ser tri-apaixonado pelo Grêmio. Não basta ser campeão, tem que ser Tricampeão.
Assim, toda a pessoa (ou feito) que seja legal é considerada TRI.
Tal qual o Grêmio e o Inter.

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domingo, abril 25, 2010

Outro Grenal na vida de todos nós

A vitória de hoje veio lavar a "alma castelhana" da torcida gremista, pois fazia tempo que não ganhávamos Grenal de gauchão na beira do lago. Também lava a alma porque, após anos sem títulos, ganhar do principal rival já é um alento. Mas não pode ficar por aí.
Jogamos mais, tivemos mais conclusões a gol, mais raça e com isso colocamos a taça no armário. Só resta chavear a porta pra não roubarem nosso caneco dentro de casa.
Apesar disso, é obrigação ganharmos a Copa do Brasil (azar dos meninos do Santos). Estamos no caminho certo, mas não podemos perder o foco.

Abaixo, algumas lembranças do primeiro Grenal, e a certeza de que nada mudou no Rio Grande.






sexta-feira, abril 16, 2010

Onde está o Ricky ?!?!?

Uma pequena homenagem à conquista definitiva da Taça-das-bolinhas.







terça-feira, abril 13, 2010

O Poderoso Chefão

Não sei de quem é a arte, mas é muito boa.

terça-feira, abril 06, 2010

Era inveja...

O texto abaixo é de autoria da linda Maitê Proença, e foi publicado no site que julgo ser da prórpia atriz, seção de crônicas. Demonstra que mulher entende, sim de futebol, apenas não admite para nã ter que dar razão aos homens. Ei-lo.



"Era inveja

No Brasil, três coisas são indiscutivelmente democráticas. A praia, que debaixo de um sol junta madame e funkeira trajadas no mesmo uniforme. O futebol, que une o ladrão e o padre numa imensa fraternidade. E o trânsito, que bota o Zé do Chevette e João do Jaguar lado a lado, paralisados pela mesma encrenca. Das três brasilidades, o futebol é a que mais me intriga.
Tenho um namorado que ama a bola. É uma pessoa cheia de virtudes, mas, se há uma constância em seu caráter, esta é a impontualidade. Não consegue chegar na hora, o mundo o atrapalha, a menos é claro no caso do futebol.
Não falo aqui daquele jogo no estádio com hora oficial para começar, refiro-me à pelada, ao racha, àquele bate-bola entre amigos, que no caso aqui de casa acontece três vezes por semana. O campo é longe, uma viagem, o sol a pino - não importa. Dia do compromisso logo cedo o moço fica ansioso, não pode atrasar e não há imprevisto que o segure. Nesses dias meu amor é um britânico!

Sábado desses resolvi acompanhá-lo. Os companheiros de partida, esbeltos desportistas, não gostaram nadinha, mas, gentis, fizeram que sim. Aquilo não é lugar de mulher, eu já devia saber. Para compensar o mal-estar, começa o jogo e eu bato muita palma, exagero o entusiasmo, assovio e tanto faço que o dono do campo a quem eu bajulava escancaradamente sentiu-se na obrigação de me dedicar um gol. Segue o embate com altos e baixos, a coisa aquece e pimba... um golaço, aquele chutão do meio do campo para dentro da rede à Roberto Carlos. As más-línguas desmerecendo o artilheiro dizem que o momento é histórico e não se repetirá - não acredito, foi jogada de mestre; vi e guardarei na memória. Continua a partida com bons momentos, outros nem tanto, uma contusão aqui, uma falta ali, um corpo caído no chão.
De repente me bate uma estranheza e vou percebendo que acima da bola, das jogadas, do corre para lá e para cá, o que mais se via, na verdade, eram discussões, ofensas, xingamentos e uma roubalheira de fazer corar um palmito. A coisa chegou a um ponto em que tive a certeza de que terminado aquilo os adversários não voltariam a se falar. Acaba o jogo. Entre vitórias e desilusões, corre-se para o vestiário e devo dizer que nem na feira fala-se tão alto e ao mesmo tempo quanto num banheiro cheio de homens; eu não estava dentro, mas nem precisava...

Fiquei quietinha do lado de fora esperando meu namorado, que, pela delonga, tomava um banho de Cleópatra. Assim, pude observar bem os outros rapazes que sorridentes e limpinhos iam saindo do vestiário qual amigos de infância.
Aqueles mesmos que há pouco se juravam de morte agora pavoneavam-se uns para os outros aos tapinhas nas costas. Havia ali cantores-compositores, um sapateiro, o editor de um jornal, um empresário da música, atores, um jogador aposentado, dois médicos e alguns moços das redondezas empobrecidas cuja competência em campo desequilibrara o jogo - tudo adversário de sangue na hora da bola e amigo do peito na saída para o chope. Na pelada não há rancores, o que se passa em campo fica no campo. Nem pudores, ali são todos craques - o vírus da imodéstia ataca democraticamente. Uma beleza!
Fui-me embora com um vazio a futucar o espírito. O que nós, mulheres, temos de parecido, o shopping, o salão? Nem chegam perto. Não pode xingar, espernear, soltar os sapos da garganta - além do que, num e noutro, o máximo de exercício que se faz é com a língua na futrica da vida alheia? muito chato. Não havia como negar, o brinquedo dos rapazes é divertido como só, e meu vazio era de inveja.
Nós, mulheres, não temos nada que se compare!"

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sábado, novembro 28, 2009

Para Tcheco, com carinho.

E-mail de um ouvinte, lido no programa Bola nas Costas, da Rede Atlântida (RBS), dia 23/11/2009. Publicado no Grêmio Imortal, pelo Felipe Sandrin.


Foi-se um Gremista.

O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída.
Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesa azul.
- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito? - diz ela. O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:
- Quanto de dinheiro você tem? Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós.
Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:
- Isso dá?Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.
- Sabe, quero dar este presente para minha irmã mais velha. Ela cuida de mim e dos meu irmãos e não tem tempo para ela... É aniversário dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou-o com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
- Tome!!! - Disse para a garota.
- Leve-o com cuidado.
Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
- Este colar foi comprado aqui?
- Sim senhora.
- E quanto custou?
- Ah!! - Falou o dono da loja - o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.
A moça continuou:
- Mas minha irmã tinha somente algumas moedas! O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu a jovem.
- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar: ELA DEU TUDO O QUE TINHA.



Tcheco chegou ao Grêmio em uma época ainda conturbada, de indefinições quanto ao verdadeiro futuro do clube. Tímido, porém sempre sorridente, Tcheco mostrava-se a cada dia mais apaixonado pela capital gaúcha, suas belas mulheres e o povo cheio de particularidades que a ele eram confortantes o suficiente para saber que dali por diante o Grêmio seria sua casa.

Em um mural de imagens marcantes ficou faltando a dele, Tcheco, erguendo uma taça, uma foto que ganharia molduras dignas de estar ao lado das de grandes campeões. Ele e nós torcedores sabemos que diante das alegrias nossa maior mágoa é essa: não vermos um homem que tinha tudo para escrever sua história no clube, escrever um final feliz inesquecível.

Tcheco foi um filme de grande roteiro e recursos suficientes para tornar-se um épico, mas assim como grandes obras o futebol também é uma incógnita que razão alguma explica: ninguém sabe quando surgirá um herói, um vilão ou um simples coadjuvante.

Fecha-se um ciclo, parte um jogador sem meios termos, que ou ia mal, ou ia bem, ou decidia a favor ou contra, ou era amado ou era odiado: com Tcheco, nunca houve meios termos, e mesmo quem estivera longe de ser a solução, nunca foi nosso principal problema.

Discute-se muito sobre a saída de nosso capitão, se o Grêmio ganha ou perde sem ele, mas no fim, neste jogo de perdas e ganhos, quem realmente ganhou foi Tcheco, que por quatro anos vivenciou uma das mais puras paixões por um time de futebol.

O ciclo termina, e o sujeito dos discursos ponderados, palavras estudadas, das comemorações mais sinceras e emocionadas parte deixando a certeza de que o pouco que ele nos deu para ele foi muito, pois era tudo o que ele tinha.

Chegou como mais um, mas tenho certeza de que partirá gremista. Dentre seus orgulhos, fotos de uma época que não voltará, e mesmo que muitos de nós torcedores digamos “ainda bem”, ele, Tcheco, com os olhos cheios de lágrimas, murmurará com paixão e saudades a palavra 'infelizmente'.

Não sei de quem é o texto acima, mas é uma linda e justa homenagem para alguém que deu tanto ao Grêmio. Não deu títulos importantes? Todo bem, pois Tcheco nos deu muito mais que títulos: nos deu a oportunidade de podermos olhar pra trás e dizer que tudo aquilo valeu a pena.
Valeu a pena ter lotado o estádio contra o Boca e esperar a vitória que não viria, pois vimos um time lutador, guerreiro, mas acima de tudo leal. Já tinha valido a pena antes, contra o Caxias, o Defensor, Santos e São Paulo. Vitórias épicas que são, como diz a canção “vários momentos inesquecíveis que vêm à mente.”

Valeu ter tido esperança de ser campeão ano passado, mesmo perdendo o título de forma tão estranha, tão boba. Claro que queríamos ter sido campeão, mas ficou a convicção de que nosso time é de chegada, é copeiro, é guerreiro. E se a vitória não veio, é questão de tempo, pois ela certamente virá. Para o Grêmio e para o Tcheco.

Valeu, Tcheco. Estaremos sempre contigo.